O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso, Francisco Faiad, voltou a defender, nesta segunda-feira, a unificação do Exame de Ordem como critério básico para se conhecer a qualidade do ensino jurídico no Brasil. O assunto deverá ser tema da Conferência Nacional dos Advogados, que será realizada em Santa Catarina. "Acreditamos que somente com o Exame Unificado poderá ser feita essa avaliação" salientou, ao lamentar outra vez o fato de o Ministério da Educação ter permitido a proliferação de cursos de Direito no Brasil, fator que contribui para diminuir a qualidade dos cursos.
Faiad se mostrou novamente preocupado com os resultados dos Exame de Ordem. Na primeira fase do segundo exame deste ano realizado em Mato Grosso, apenas 13,44% dos que prestaram a prova conseguiram atingir os pontos necessários para a segunda fase. Ao todo, foram inscritos 1.269 bacharéis em Direito. Desses, 1.264 fizeram as provas. Um candidato foi eliminado e 24 deixaram de comparecer. Foram aprovados 170. Os candidatos inscritos fizeram provas no dia 28 de agosto último nas cidades de Cuiabá, Rondonópolis, Sinop, Tangará da Serra e Cáceres.
A exemplo dos Exame de Ordem anteriores, Francisco Faiad voltou a citar o tripé que faz com que haja elevado número de reprovação dos bacharéis em Direito, quais sejam: número elevado de cursos de Direito, participação do acadêmico no processo de aprendizado e graduação dos próprios professores. "Todos esses itens estão interligados. Aliado a isso, vem o nervosismo do próprio candidato, a pressão que ele põe sobre os seus próprios ombros na hora de fazer a prova" enumerou.
Atualmente, existem em Mato Grosso sete faculdades de Direito. Ele observou, no entanto, que a questão está na quantidade de vagas abertas anualmente para o ingresso do estudante no curso. "O vestibular, que anteriormente selecionava o futuro acadêmico, já não é mais um problema para se ingressar no ensino superior" exemplificou Faiad. "O estudante, muitas vezes, entra na universidade sem uma boa base, que deveria ter adquirido no ensino fundamental e no ensino médio". Esse número de vagas deveria, segundo ele, ser tratado com mais ênfase por parte do Ministério da Educação.
A busca pela unificação do Exame de Ordem já começou. Faiad disse que este ano foi o primeiro em que as datas foram ajustadas. O trabalho de unificação começou pelo calendário. "Agora vamos discutir a questão das provas serem elaboradas e distribuídas pelo Conselho Federal" observou, ao destacar que a Ordem dos Advogados do Brasil não deverá, no entanto, mudar sua linha com relação ao grau de dificuldade das provas. "Essa é a única forma que se tem para aferir se o bacharel em Direito está apto para exercer a função de advogado, de defender os interesses da sociedade perante as diversas instâncias jurídicas" frisou.